sexta-feira, 30 de março de 2012

conselhos ás senhoras casadas








Eis diversos conselhos ás senhoras, que se fossem seguidos, fariam não só a felicidade dos maridos como das suas caras metades, assegurando assim a paz domestica. Antecipadamente deve convencer-se e que há dois meios de governar uma familia, um pela expressão de vontade que pertence á força; o outro pelo irresistivel poder da doçura, que é muitas vezes superior á força. O primeiro pertence ao marido - a mulher só deve usar do segundo. A mulher que diz «eu quero» deve perder a parte que lhe cabe no governo da familia. A mulher deve evitar sempre contradizer o seu marido. Quando se colhe uma rosa só se espera o prazer dos perfumes, assim da mulher só se deve esperar o agrado. A mulher que se constitui em continuada oposição, é vitima da aversão, aumentada pelo tempo, e de que a não livram todas as qualidades boas que a adornem. Não deve intrumeter-se nos negócios de seu marido e só esperar que ele lhos confie - assim como não deve aconcelhá-lo senão quando ele a consultar.
Não deve mostrar-se irascivel nem altercar com seu marido. Deve dar o exemplo praticando virtudes, porque é a maneira de as fazer praticar. Não exigir coisa alguma, para obter muito; e mostrar-se sempre satisfeita com as dádivas de seu marido, para que o excite a fazer-lhe outras.Muitas vezes os homens são vaidosos e insuportaveis, mas nem por isso se deve contradizer essa vaidade, ainda nas coisas mais livres; e por muito superior que uma mulher se julgue a um marido deve sempre mostrar que não conhece essa vantagem. Quando o marido estiver em erro é conveniente não lho demonstrar logo, e sim por maneiras convenientes; e com doçura e carinho levá-lo a pensar melhor; deixando-lhe sempre o mérito de ser ele quem acertou com o que era menos justo e acertado. Responder sempre ao mau humor de seu marido, com afectuosidades; a seus desacertos com bons concelhos e não se valer nunca de qualquer falta que ele cometesse para lh'os lançar em rosto nem humilhá-lo.
Fazer uma boa escolha das suas amigas, ter poucas, e desconfiar sempre de seus concelhos - nem dar crédito a intrigas para se não tornar odiosa a seu marido nem á sociedade. Gostar muito do aceio; nunca do luxo; vestir-se com elegância mas sempre com decência. Variar o feitio dos seus vestidos e sobretudo as cores; porque se um dia em que se vestir de escuro, por exemplo, houve algum desgosto - no dia seguinte deve vestir-se de branco- porque desta forma distraírá as ideias , evitando recordações desagradáveis. Este concelho parece pueril, mas é pelo contrário mais importante do que se imagina; e muitas mulheres há que bem compreendem o império que exerce nas ideias.
Não se imtrometer nos negócios do marido é atrair-lhe a sua confiança, confiando-lhe todos os seus segredos- observando a maior ordem em tudo , e nunca se aborrecer da sua casa nem do seu estado para que o marido não ache outra mais agradável.Dar sempre a entender que tem em muito apreço as luzes e o conhecimento de seu marido, encarecendo-o sempre, e muito mais diante de estranhos; ainda que para isso seja preciso fazer passar por menos sensata a sua opinião - porque a mulher é sempre levada á altura da apreciação que faz do seu marido. A mulher deve deixar a seu marido a liberdade de suas acções - deve enfim fazer a companhia tão gostosa a um marido, que ele não possa passar sem ela; e que os prazeres fora de casa lhe sejam sempre insipidos quando os não partilhe a sua esposa.


Não sei quem escreveu, mas serve para nos mostrar como era a vida das mulheres do século passado, e como elas, inteligentemente e com doçura conseguiam ter poder junto do seu marido.

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